14 de outubro de 2009

Olimpíada: lucro ou prejuízo?

Agora que a cidade do Rio de Janeiro conquistou o direito de sediar os jogos olímpicos de 2016, fica a dúvida: ser sede de uma olimpíada é bom ou ruim? Em minha opinião, é muito bom ver o Brasil sediando uma edição da Olimpíada, fato que há 20 anos era impossível. Agora o resultado financeiro, social e esportivo dependerá do investimento e principalmente do planejamento que serão feitos. Temos vários exemplos de cidades que ganharam e que perderam com a realização dos jogos. Por isso, decidi falar sobre dois exemplos em épocas próximas mas com resultados bem contrários.

Os jogos de olímpicos de 1984 ficaram marcados pelo profissionalismo, não só porque o COI passou a permitir que atletas profissionais integrassem as delegações de seus países, mas acima de tudo pelo profissionalismo na administração dos jogos.

Após o fracasso financeiro das duas últimas edições, Peter Ueberrooth, um empresário do setor de turismo e presidente do comitê organizador, mostrou que era possível mudar e ganhar muito com a presença dos jogos. Buscando parcerias ele viabilizou a realização dos jogos. Empresas pagaram pela construção de instalações esportivas inteiras, pessoas compraram por US$ 3 mil o direito de carregar a tocha olímpica por pouco mais de 1 km e patrocinadores adquiriram cotas de patrocínios por valores generosos. O esperado êxito norte-americano nas competições ajudou a elevar os lucros. No final do evento, Los Angeles estava com um lucro de US$ 150 milhões.

Já a Olimpíada de 1976 é para ser esquecida, pelo menos para os moradores de Montreal. Até hoje, essa é a edição olímpica que teve maior prejuízo. Estimativa do COI previu R$ 3 bilhões em dívidas para a cidade canadense, em consequência do planejamento falho quando abrigou a Olimpíada. Sem o apoio financeiro do governo canadense, a cidade de Montreal, que fica na parte francesa do país e na época era “isolada” do lado inglês, foi obrigada a arcar com todos os custos da execução da Olimpíada. Saíram exclusivamente dos cofres da prefeitura as verbas para as obras de infraestrutura e construção das instalações esportivas. Suspeitas de corrupção e superfaturamento das obras fizeram os custos aumentarem. Montreal teve que pagar uma dívida de R$ 3 bilhões (valores corrigidos) por 30 anos, isso mesmo, 30 anos. Até 2006 a população teve que pagar dívidas da Olimpíada. Além disso, o Canadá é o único país até hoje a sediar uma edição dos jogos e não ganhar nenhuma medalha de ouro.

Grande jogada para Los Angeles e bola fora para Montreal!

2 comentários:

  1. O histórico do Brasil para qualquer tipo de evento esportivo foi sempre marcado por cenas de corrupção, superfaturamento e incompetência total na gestão de recursos públicos.
    Segundo nosso sagaz presidente, o Brasil atinge sua maioridade internacional, mas continua a jogar para debaixo do tapete tudo o que os países desenvolvidos já resolveram ou trabalham com compromisso e responsabilidade para resolver.
    Para o caso do Brasil, vide o que aconteceu no Panamericano, a festa pode até ser bonita, mas como chegaremos nisso e o que ficará para limpar depois do último convidar partir, isso ninguém sabe. Infelizmente não será algo que nossos políticos estejam muito preocupados.
    Não são medalhas ou evolução social que desejam, querem somente os doláres, muitos e muitos doláres que estão por vir.

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  2. No Brasil é assim... primeiro a grana pra investir no projeto super-supimpa e depois, talvez, quem sabe, algum dia, haja retorno do investimento...haha Os bancos poderiam bancar isso fácil...fácil....
    Silvia Mariá

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